sexta-feira, 13 de março de 2009

dia de muito calor

Pois bem, ontem foi mais um dia de voluntariado.
Toda a ajuda necessária é bem vinda ao FAUMA no hospital julio de matos. É certo e sabido que muitos dos vountários desistem ou por cansaço, ou por extrema sensibilidade devido ao contacto com dementes/ doentes ou por simplesmente falta de tempo livre.
Parece-me que enquanto pessoa, ajudar quem mais precisa também me tem andado a ajudar psicologicamente. Tento encaixar-me numa alma perturbada num mundo totalemente diferente como faz o "Francisco". Jovem, pouco mais velho que eu, mas com mentalidade (como ja tinha referido) de bebé. Imagino o que deverá ter passado pela cabeça dos seus familiares para internarem-o. Além do mais, o "Francisco" nao tem controlo nas suas capacidades motoras/psiquicas. Ontem, à espera no pÁtio que lhe abrissem a porta de entrada da residência psiquiátrica, descuidou-se, inconscientemente, e defecou no momento preciso que o enfermeiro lhe abriu a porta na entrada. Subitamente uma enorme vontade de rir explodia em mim. Contudo olhei para a minha colega Marta e apercebi-me do quanto ridicula estava a ser. o "Francisco" nao tem culpa. Eu sim tenho culpa por antigamente olhá-lo como um "maluco".
"No hospital o voluntário tem que «ter uma grande estrutura mental capaz de auxiliar cada doente nos seus problemas específicos» e, apesar de nunca deixar de ser voluntário, desligar-se desses problemas quando sai do hospital, até porque o voluntário é uma pessoa normal, com problemas normais, que também tem que saber gerir. Mas «é difícil saber separar as coisas». Quer queira quer não, o voluntário cria laços com o doente. " ontem eu criei laços com o "Francisco".

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

oficialmente voluntaria

hoje foi o meu primeiro dia de voluntariado no hospital julio de matos. O programa é da Associação de Amigos e Familiares dos Utentes do Hospital Júlio de Matos (FAUMA) e o principal objectivo é melhorar a qualidade de vida dos utentes internados no hospital.
já passava das 15h quando cheguei ao hospital julio de matos. Entrei numa residência (nº30) e, seguidamente, vi a Ana Paula de boca rasgada, dando-me um imenso conforto (que cidadãos "normais" num metro nunca me dão).
de repente senti uma grande motivação para lhe cumprimentar com grande afecto.
A D.Célia Martins, coordenadora do projecto FAUMA, convidou-me a ajudar a senhora Ana Paula e a menina Elizete nos exercicios de matematica. Passei uma tarde bastante agradavel a ensinar-lhes a tabuada e tambem o começo de contas de dividir.
ora é de notar que lidei com pessoas de 50 e tal anos, mas com mentalidade de 5 anos (ou menos).
A minha amiga Ana Paula sofre de esquizofrenia, tem familia, e é deveras bastante simpatica e divertida (apesar de fazer batota nas tabuadas). a Elizete é pouco mais velha que eu e ainda nao descobri qual o seu contexto mental. ate porque fala, anda, ri-se como uma pessoa "normal".
Claro que tenho consciência que estas duas mulheres são das mais fáceis de lidar, de conversar. Todavia, como a D. Celia me disse, existem casos bem piores, muito dificeis de ajudar.
ainda hoje oiço os desabafos de amigos que se queixam da miseria de vida que têm, da divergencia entre eles e o mundo. queixam-se porque têm complexos com o corpo, porque não são perfeitos, porque nao têm namorado( -.-').
oh my gosh! comparados com os doentes mentais que convivi hoje, somos perfeitos sim. consigo fazer a tabuada sem problemas, consigo raciocinar. sou saudavel, sou amada pela minha familia que se preocupa comigo.
espero que ao leres isto, dês conta que a nossa vida é maravilhosa pois tens capacidades que mais tarde se podem deteriorar. por isso aproveita enquanto a vida é jovem e o amor te sorri.

como alguem diz

sabemos que a sociedade nos impoe rigidas normas, cujo objectivo é aproximar-nos da perfeiçao do ser (nao roubar, ser perfeita, magra, loira, nao ingerir drogas, etc)
"Não são as circunstâncias que nos oprimem, mas, sim a maneira como nos posicionamos diante delas, porque nas mesmas circunstâncias que uns procuram o caminho do crescimento, outros procuram o caminho da loucura e da alienação. As circunstâncias são as mesmas, o que muda é a disposição para o alvorecer e para desabrochar, ou murchar e fenecer."
como tal, acredito que ajudando alguem psicologicamente perturbado (doente mental), estamos aprendendo a viver (aprender ajudando).

1ºdia

ola ola!

antes de mais, este é o meu 1ºpost.

para te ajudar a compreender o que um voluntario costuma fazer, decidi criar este blog para descrever as inumeras situaçoes que irei passar a ajudar pessoas residentes no hospital julio de matos. pois é, ja me avisaram que fazer voluntariado com algumas pessoas dementes não é tarefa facil, mas estou pronta a viver esta experiencia inesquecivel que me fortalecerá para toda a vida.

espero que gostem **